EGOÍSMO, EGOCENTRISMO E EGOLATRIA
Vivemos em um mundo de egoísmo, egocentrismo e egolatria. Egoísmo porque as pessoas só pensam em si mesmas e egocentrismo porque querem que tudo as agrade e que todos a elas se submetam. A egolatria acaba sendo o resultado dessa filosofia de vida que tem seu sustento no hedonismo de nosso tempo mas também em nossa fraqueza espiritual.
A maioria dos dicionários define egolatria como sendo ‘adoração de si próprio.’ Alguns vão além e incluem ‘sentimento excessivo da própria personalidade ou tendência a monopolizar a atenção, mostrando desconsideração pelas opiniões alheias.’ Eu vou mais longe e defino egolatria como sendo ‘a diminuição do domínio do Espírito Santo em minha vida através de um viver que despreza os valores bíblicos e exalta a vontade própria.’ Tenho visto que muitos cristãos assumiram um viver distante de Deus e totalmente independente. A eles fica a orientação do Apóstolo Paulo: “não apaguem o Espírito” (1 Tessalonicenses 5:19). Em vez de uma vida plena do Espírito (Efésios 5:18) eles abafam a ação de Deus em suas vidas e tem um comportamento descomprometido com a Palavra de Deus, Igreja e ética cristã. Isso acaba resultando na egolatria que se manifesta tanto na sutileza de uma ação que poucos vêem como em escancaradas demonstrações de culto ao ego que acontecem até dentro da Igreja de Jesus Cristo.
A egolatria começa com a exaltação da vontade própria que pode ser definida como egoísmo. Aos poucos a pessoa começa a olhar para si mesma e a se sentir demasiadamente merecedora ou absolutamente correta. Imagino que foi pensando em gente assim que o apóstolo Paulo escreveu: “Por isso, pela graça que me foi dada digo a todos vocês: Ninguém tenha de si mesmo um conceito mais elevado do que deve ter; mas, ao contrário, tenha um conceito equilibrado, de acordo com a medida da fé que Deus lhe concedeu” (Romanos 12:3). A Bíblia Viva prefere a expressão “sejam honestos na avaliação de si mesmos.” Não sei se é falta de honestidade ou desequilíbrio, mas muitos olham para si mesmos e acabam concluindo que apenas eles estão certos. Amam apenas a si mesmos e às suas coisas. Incluem no máximo a família ou os amigos mais chegados. Os outros todos estão errados. A egolatria está bem perto de nascer em seus corações.
O egoísmo aos poucos dá lugar ao egocentrismo. Por se julgarem melhores e estarem sempre corretos logo esperam que todos ao seu redor concordem com suas idéias. Esperam que suas palavras sejam consideradas sempre com maior atenção e apreço. Começam a construir um ‘universo próprio’ que gira em torno de seu ego. Nessa fase a vaidade é alimentada pela carnalidade e o senhorio de Jesus Cristo é colocado em segundo plano. A pessoa começa a selecionar os textos da Bíblia que concordam com seu ‘universo’ – ou seja: estilo de vida, pensamentos e comportamento. Os textos que confrontam esse ‘universo’ por não fazerem parte da vontade de Deus expressa na Palavra são totalmente desprezados e em alguns casos até substituídos por interpretações que confirmam o egocentrismo e rechaçam a Palavra do Senhor. Agora a pessoa está literalmente construindo um império pessoal onde todos são vistos ou como uma ameaça ou então súditos que devem obedecer, caso contráriou então serão punidos das maneiras mais criativas possíveis que envolvem desde o desprezo até o total desrespeito e em casos extremos a violência física. A egolatria já está presente não apenas no coração mas também nas palavras e comportamento.
A egolatria se apresenta como o final de um processo que excluiu totalmente o domínio do Senhor e o anseio por uma vida que faz a vontade Dele. Muitas vezes o discurso cristão ainda pode ser visto – em especial em demonstrações emocionais durante a adoração ou até mesmo em uma mensagem – mas a prática já foi abandonada há muito tempo. Se o coração tem um trono, ele nesse estágio estará ocupado pelo ego que com um cetro na mão busca súditos que possam engrandecê-lo, elogiá-lo e obedecê-lo. Deus agora é apenas um provedor que pode ser pressionado pelos cantos e cede á qualquer pressão psicológica acompanhada por rituais religiosos que não combinam com um coração quebrantado e contrito que é aceito por Deus de maneira agradável (Salmo 51:17). Os meios agora se tornam fins e todo tipo de atitude que promova o ego ou que dê vantagens sobre os outros se mostram aceitáveis. O coração de servo não existe e portanto não há qualquer aproximação com o exemplo de Jesus Cristo que se fez servo, semelhante aos homens (Filipenses 2:7). Nesse estágio o comportamento assumido é totalmente oposto ao que recomenda a Palavra de Deus quando diz: “Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos. Cada um cuide, não somente dos seus interesses,mas também dos interesses dos outros” (Filipenses 2:3, 4). Na egolatria acontece exatamente o contrário: a pessoa faz tudo por vaidade e egoísmo, não tem humildade, considera todos inferiores e cuida apenas de seus próprios interesses. As pessoas se tornam objetos manipuláveis e estruturas, sejam elas eclesiásticas, sociais ou familiares são usadas de maneira a alimentar o ego, ainda que resultem no prejuízo do Reino de Deus.
A egolatria é pecado. Não podemos fazer de nós mesmos senhores, colocando Jesus em segundo plano. Também não cabe a nós cultuarmos nossos próprios pensamentos ou posturas como se eles estivessem absolutamente corretos. Lembremos de que somos pó e pecadores.
A única arma capaz de vencer a egolatria é a submissão total a Cristo aliada à humildade e coração de servo. Sobre esse tema escreverei em nosso próximo informativo. Até lá avaliemos nosso comportamento e se percebermos traços nítidos de egoísmo e egocentrismo é momento de nos quebrantarmos diante de Deus e pedirmos a Ele a mesma humildade que foi vista em Jesus, que tendo de tudo para cultuar a si mesmo preferiu adorar o Pai e manter-se obediente a Ele até a morte, e morte de cruz.
Guilherme de Amorim Ávilla Gimenez
Pastor titular da Igreja Batista Betel
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